Espetáculo com texto e atuação de Leonardo Neto, ‘3 Maneiras de Tocar no Assunto’ emociona plateia em Salvador e segue para o Norte do Brasil.
Na última semana, os espectadores baianos puderam assistir o premiado espetáculo “3 Maneiras de Tocar no Assunto”, que tem texto de Leonardo Netto e direção de Fabiano Dadado. A peça chegou à capital baiana após uma temporada de sucesso no Nordeste brasileiro, em capitais como Recife, São Luís e Fortaleza.
‘3 maneiras de tocar no assunto’ passou por Salvador após acumular prêmios
Mesmo antes dessa etapa celebrada no Nordeste brasileiro, a peça já era apontada como uma produção importante no cenário da dramaturgia nacional. O ator e dramaturgo, Leonardo Netto, recebeu os prêmios Cesagranrio e APTR-RJ de Melhor Ator.
No Cesagranrio, a peça também foi Prêmio Especial (Direção de Movimento) e Melhor Texto. Já no APTR-RJ, o outro prêmio recebido pela peça foi na categoria de Melhor Iluminação. No Prêmio Cenym, o prêmio foi de Melhor Monólogo.
Em Salvador, a produção encontrou uma plateia sensível e que se emocionou com um texto tão tocante, verdadeiro e, sem sombra de dúvidas, bem escrito, encenado e dirigido. Após a peça, eu pude ir conversar com o ator e dramaturgo Leonardo Netto e também com o diretor Fabiano Dadado.
Denni Salles, teatrólogo da Odisseu que irá estrear uma coluna de teatro no periódico O Odisseu a partir da próxima edição (Junho), conduziu a entrevista. A seguir, veja como foi a nossa conversa!
Falar de homofobia é uma ‘urgência neste momento’, diz Leonardo Netto, ator e dramaturgo de ‘3 maneiras de tocar no assunto’
Uma das reações possíveis ao assistir à peça é a identificação: seja pela própria vivência enquanto uma pessoa LGBTQIAPN+, seja por conhecer alguma história semelhante às três narrativas fortes que abordam a homofobia.
Dito isso, Denni Salles perguntou sobre esse novo momento em que se produz teatro com uma denúncia social mais explícita. De certa forma, existe uma crítica de que esse tipo de narrativa poderia “empobrecer” a arte, o que os entrevistados rejeitaram, em parte, ao apontar a importância da “tocar no assunto”:
Acho que tem muito a ver com essa urgência. É urgente mesmo, essa coisa de deixar assumir a voz do ‘eu’, deixar de ser objeto para ser sujeito do discurso, e isso é fundamental. Então acho que nesse momento essa é uma das necessidades, uma urgência. Mas acho que com o tempo, se pode pensar em aprimorar isso.
Leonardo Netto, dramaturgo e ator de ‘3 Maneiras de Tocar no Assunto’.
A fala de Leonardo Netto vai de encontro direto ao tema da “auto-ficção” muito presente nos discursos literários na contemporaneidade. Para Leonardo, há um perigo, mas falar ainda é importante.
Eu acho que, dramaturgicamente, de forma literária, nessa literatura dramática, talvez haja, pela pressa, um certo empobrecimento. Mas eu não sou contra essa forma de arte de forma alguma.
Leonardo Netto, dramaturgo e ator de ‘3 Maneiras de Tocar no Assunto’.
Para o diretor Fabiano Dadado, esse momento em que essa nova forma de arte aparece é como se fosse um sintoma do tempo, algo necessário. Nisso, ambos os entrevistados concordam!
O personagem LGBT se modificou a partir do momento em que ele passou a ser narrado de uma forma diferente. Então esse personagem, narrado principalmente por vozes de fora da comunidade, acabou sofrendo estigmatização, ou historicamente vistos de forma muito subordinada. […] E essa mudança que ocorre quando muda o narrador, quando muda a voz que narra, tem a ver com as emergências, tem a ver com as urgências.
Fabiano Dadado, diretor de ‘3 Maneiras de Tocar no Assunto’.
Nós agradecemos a Fabiano Dadado e Leonardo Netto pelos depoimentos e pelo espetáculo certamente memorável! Na próxima edição da Odisseu, na nossa editoria de teatro, você encontra mais sobre o espetáculo e a entrevista completa! Por isso, assine gratuitamente a revista O Odisseu e receba o novo número em seu e-mail assim que sair.
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