Maria Bethânia toma posse na Academia de Letras da Bahia em uma cerimônia emocionante

Em uma cerimônia emocionante realizada na última quarta-feira (3), na sede da instituição no Palacete Góis Calmon, em Salvador, a cantora, compositora e poeta Maria Bethânia foi empossada como imortal da Academia de Letras da Bahia (ALB).

Foto: Pedro Moraes (@peumoraes84)/ Reprodução Instagram

Em uma sessão emocionante, conduzida pelo escritor e presidente da ALB, Ordep Serra, a filha mais velha de Dona Canô, a contadora, compositora e poeta Maria Bethânia foi mais uma vez consagrada em sua terra, dessa vez como titular da cadeira nº 5 da Academia de Letras da Bahia, anteriormente ocupada pelo historiador, ensaísta e professor Waldir Freitas Oliveira, que faleceu em junho de 2021.

A cerimônia contou com a presença de diversos artistas, escritores e personalidades da cultura baiana e brasileira, que prestigiaram a entrada de Maria Betânia na Academia com muito entusiasmo. A cantora foi recebida com aplausos calorosos e iniciou o seu discurso com uma belíssima saudação, recordando os versos da música “Tudo de Novo”, composta por seu irmão Caetano Veloso com participação sua.

“‘Minha mãe me deu ao mundo se maneira singular, me dizendo a sentença, para eu sempre pedir licença, mas nunca deixar de entrar’. Entro nessa Academia, nessa centenária Academia de Letras da Bahia, pelo trabalho que faço com a música e com a literatura, com a palavra. Assim o meu agradecimento em primeiro lugar é para os autores, poetas, escritores de modo geral”

Disse Maria Bethânia.

Durante seu discurso, que durou pouco mais de 45 minutos, Bethânia lembrou com carinho na importância da sua família e, particularmente, do seu irmão na sua vida e formação artística. “Caetano sempre foi meu guia e mestre do meu barco”, revelou a nova imortal. Traçando um elo ligação entre a música e a literatura, em certo momento, Bethânia redarguiu aqueles que ainda sustentam que uma cantora não poderia fazer parte de uma Academia de Letras.

“Hoje é um dia especial, esta casa está recebendo em primeiro lugar uma mulher, está reconhecendo os poderosos laços entre música e literatura, está dignificando um trabalho que não se dá nos livros ou nas universidades, mas nos palcos, nos discos, no rádio, sem pouso, sem repouso, numa bela e mágica corda bamba como se a menina de Santo Amaro tivesse, enfim, realizado seu sonho: ser trapezista”,

Afirmou Maria Bethânia.

No final da leitura, soltou a voz e concluiu cantando um fragmento da música “Onde o Rio é Mais Baiano”, também de seu irmão, Caetano Veloso. “Para mim a importância de tamanha honraria é ser uma distinção da terra onde eu nasci, como se eu estivesse sendo recebida em festa do lugar de onde eu nunca saí: ‘a Bahia, estação primeira do Brasil’”, finalizou.

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Quem é Maria Bethânia?

Foto: Pedro Moraes (@peumoraes84)/ Reprodução Instagram

Natural de Santo Amaro da Purificação, cidade do Recôncavo Baiano, Maria Betânia começou a cantar ainda na adolescência, em festas e eventos locais. De lá para cá, a cantora tornou-se uma das artistas mais importantes da história da música e da cultura brasileira, com uma carreira que se estende por mais de 50 anos.

Em 1965, ela se mudou para o Rio de Janeiro para tentar a sorte na carreira artística. Logo chamou a atenção dos grandes nomes da MPB da época. Seu primeiro disco, “Maria Bethânia”, foi lançado em 1965 e já anunciava a chegada de uma grande estrela da música brasileira.

Ao longo de sua carreira, Maria Betânia lançou mais de 50 discos, gravou com diversos artistas consagrados e recebeu inúmeros prêmios e homenagens, como o Grammy Latino e a Ordem do Mérito Cultural. Sua voz potente e singular, aliada a uma interpretação única e marcante, transformou-a em uma das maiores referências da música popular brasileira, sendo conhecida como “Rainha da MPB”.

Sua entrada na Academia de Letras da Bahia é mais uma homenagem a essa trajetória de sucesso e grandes conquistas, e um reconhecimento da sua importância para a cultura baiana e brasileira. A partir de agora, Maria Betânia se junta a outros grandes nomes da literatura e das artes que fazem parte dessa prestigiosa instituição baiana, com o seu nome figurando ao lado de outros ilustres imortais que por ali passaram, como Mãe Stella de Oxóssi, João Ubaldo Ribeiro, Jorge Amado, Zélia Gattai, Afrânio Peixoto e Rui Barbosa.

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