Na Biblioteca do Autor: A convite da revista O Odisseu, a autora mineira Nara Vidal fala um pouco dos seus escritores favoritos e dos livros que fizeram e fazem parte de sua trajetória como leitora e escritora.

Seguindo na proposta de investigar aquilo que os nossos escritores favoritos estão lendo e suas influências literárias, na edição de hoje da série “Na biblioteca do autor”, trazemos uma super autorA: Nara Vidal. Nara é autora de títulos aclamados, como “Sorte” (Moinhos), que ficou em terceiro lugar no Prêmio Oceanos, e “Puro” (Todavia), seu mais recente lançamento que acabou de vencer o Prêmio APCA.
A prosa da autora é vertiginosa e envolvente, com livros que estão dispostos a investigar as raízes de nossa moralidade social e questioná-las. Como você poderá ver na breve entrevista que fizemos, Nara é uma escritora de formação clássica e que, de certa forma, sempre revisita esses clássicos para construir tramas que falam de nosso tempo.
Para além de clássicos estrangeiros, como Shakespeare (muito presente na trajetória dela, basta lembrar do livro-ensaio Shakespearianas: as mulheres em Shakespeare), ela também cita clássicos brasileiros, como é o caso de “Quarto de despejo”, da também mineira Carolina Maria de Jesus.
Prepare-se para adentrar na biblioteca de Nara Vidal!
Na biblioteca do autor: Os livros da vida de Nara Vidal
Nesta edição, trouxemos 10 perguntas que podem ser respondidas com um ou mais livros:
Um livro que marcou a sua trajetória como leitora

“O Amante”, de Marguerite Duras: Foi o primeiro livro que eu li que não era para crianças e jovens. Por isso marcou.
Um livro de não-ficção que você recomenda

“O Segundo Sexo”, de Simone de Beauvoir.
Um clássico que você indica para todo mundo

“Rei Lear”, de William Shakespeare.
Seu livro de cabeceira (que você sempre revisita)

“Um teto todo seu”, de Virginia Woolf: porque estou escrevendo um livro a partir desse livro e revisito para concordar e discordar. Mas é um livro que está sempre na cabeceira porque Virginia traz reflexões que mudaram a minha vida e a minha relação com o meu trabalho.

“Quarto de despejo: diário de uma favelada”, de Carolina Maria de Jesus: Também vive por perto. Pensando, inclusive, na proposta de habitação que Virginia lança, o livro da Carolina é precioso e fundamental. Além disso, a voz da narradora se aproxima muito de uma oralidade que me leva pra casa. Cresci ouvindo aquela voz das pessoas ao meu redor, em Minas. É um livro muito importante pra literatura brasileira.
Um livro que te desafiou muito

“Novas Cartas Portuguesas”, de Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa: É um livro difícil. Mas com persistência na leitura, um livro genial, fascinante, triste e espirituoso.
Um livro lançado recentemente que você amou ler

“Ursa Menor”, de Carla Kinzo.
Um livro de poesia que você ama

“O Coração pronto para o roubo”, de Manuel António Pira: Livro belíssimo, publicado pela Editora 34. Um dos poemas que mais gosto chama-se Aos Filhos:
Já nada nos pertence,
nem a nossa miséria.
O que vos deixaremos
a vós o roubaremos.
Toda a vida estivemos
sentados sobre a morte,
sobre a nossa própria morte!
Agora como morreremos?
Estes são tempos de
que não ficará memória,
alguma glória teríamos
fôramos ao menos infames.
Comprámos e não pagámos,
faltámos a encontros:
nem sequer quando errámos
fizemos grande coisa!
Um livro que fez você chorar
É bem difícil mesmo eu chorar lendo um livro.
Um livro que influenciou sua forma de escrever
É impossível precisar. As influências vão se assentando na gente com o tempo. Não dá pra saber com essa exatidão. Tudo o que a gente lê fica vai pra dentro, eu acho. O bom e o ruim.
Um livro que você gostaria de ter escrito

Qualquer um dos contos de Katherine Mansfield.
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