Na Biblioteca do Autor: A convite da revista O Odisseu, Jacques Fux (“Nunca vou te perdoar por me obrigar a te esquecer”) indica seus livros favoritos para os leitores.
Você já parou para se perguntar quais os livros favoritos do seu autor favorito? E quais livros o influenciou? Afinal, todo escritor é, em primeiro lugar, um leitor! Assim nasce a série “Na biblioteca do autor”, da revista O Odisseu. Nós faremos 7 perguntas sobre os livros que marcaram grandes escritores da literatura brasileira contemporânea a começar pelo maravilhoso Jacques Fux!
Fux é autor de diversos títulos, entre eles os premiados “Antiterapias” (Scriptum, 2012), que foi vencedor do Prêmio São Paulo de Literatura, e “Nunca vou te perdoar por me obrigar a te esquecer” (Faria e Souza, 2023) que esteve finalista na categoria Romance Literário do prêmio Jabuti 2024.
Ao falar dos livros que marcaram sua trajetória como leitor e escritor, Fux nos apresenta uma lista super variada com títulos maravilhosos que vão de Philip Roth a Wisława Szymborska. Além disso, ele também declara a sua paixão por João Guimarães Rosa, um autor que ele cita duas vezes na entrevista.
Na biblioteca do autor: os livros da vida de Jacques Fux
Um livro que marcou sua trajetória como leitor
“O Complexo de Portnoy”, de Philip Roth: Eu me lembro que eu já gostava muito de ler, mas nunca imaginava que eu pudesse ser escritor. Era uma coisa muito longe e muito distante. E quando eu li o livro eu senti que conversava muito comigo. Primeiro que era uma questão judaica e segundo que tinha as loucuras e críticas à questão judaica e à beleza da literatura judaica. Inclusive, quando eu escrevo “Antiterapias”, meu livro que ganhou o Prêmio São Paulo, eu converso muito com ele. O meu personagem conversa sempre com o Portnoy.
Um clássico que você recomenda para todo mundo
“Grande Sertão: Veredas”, de João Guimarães Rosa: Um clássico para ser lido e relido. Eu já li oito vezes e ano passado eu realizei o meu sonho que era escrever sobre “Grande Sertão: Veredas”. Eu publiquei “As fábulas do fabuloso fabulista Joãozito” que é uma biografia romantizada do Rosa e do Riobaldo. Então eu construo uma conversa entre os dois: o autor e sua obra ou o seu grande personagem. Esse livro ganhou o Selo da Fundação Nacional do livro infantil e juvenil e é um livro com um texto para jovens e adultos e dá uma boa entrada no “Grande Sertão: Veredas”.
Seu livro de cabeceira (que você sempre revisita)
“O Aleph” e “Ficções”, de Jorge Luis Borges: Quando eu li Borges pela primeira vez aos quinze anos, aquilo me incomodou e me desnorteou como eu ainda não havia sido desnorteado. Agora eu estou dando um curso sobre Borges e estou relendo o “Ficções” e “O Aleph”, que são livros importantíssimos. Acho que toda vez que você revisita Borges você aprende mais porque ele trabalha com esse conceito: você descobrindo à posteriori os livros que vieram antes, como em um texto chamado “Kafka e seus precursores”.
Um livro lançado recentemente que você amou ler
“A vida pela frente”, de Émile Ajar (Romain Gary): É um livro que eu gostaria de ter escrito, mas não escrevi. Um livro incrivelmente maravilhoso, irônico, sarcástico, crítico, divertido, profundo. Você ri e chora. Trata de questões muito interessantes, como o sonho da convivência entre judeus e árabes. Recomendo muito esse livro.
Um livro de poesia que você ama
Toda a obra de Wislawa Szymborska: Todos os livros dela são maravilhosos. É incrível o que ela consegue fazer com as palavras e passar sensações e sentimentos de uma forma muito bonita e breve. Foram poucos poemas que ela escreveu em vida e poucos poemas que foram publicados, mas todos maravilhosos.
Um livro que fez você chorar
“Grande Sertão: Veredas”, de João Guimarães Rosa e “É isto um homem?”, de Primo Levi: Eu sempre me emociono com “Grande Sertão: Veredas”, assim como com “É isto um homem?” um livro super importante, sobretudo agora.
Um livro que influenciou sua forma de escrever
“Felicidade demais”, de Alice Munro: As novelas, como a que ela conta a história de uma matemática, me influenciou a ir por esse lado de escrever novelas que se conversam e formam um romance. A partir daí eu escrevi “Meshugá: um romance sobre a loucura”. E também “Um relatório para uma Academia”, do Kafka. Um discurso super crítico à Academia e esse texto despertou a vontade de escrever o livro “Nobel”. Nesse caso, o meu discurso ganhando o prêmio Nobel, mas também um discurso super crítico.
Leia Também: Os Melhores Livros Nacionais de 2024