Nós da Revista O Odisseu nos solidarizamos com a escritora Eliane Marques que, apesar do constrangimento ao qual foi submetida, não ficou em silêncio.
Assusta-nos que, no século XXI, ainda tenhamos que ouvir palavras torpes, violentas e, para dar os nomes corretos ao ocorrido, preconceituosas, racistas e criminosas. Assusta-nos ainda mais que um discurso como esse tenha sido proferido em um espaço criado para cultuar aquela que deveria ser a mais democrática das manifestações: a literatura.
Mas o que importa dizer é que nós, da Revista O Odisseu, nos solidarizamos com a escritora Eliane Marques que, apesar do constrangimento ao qual foi submetida, não ficou em silêncio e expôs toda a sua indignação diante da atitude de Airton Ortiz, presidente da Academia Rio-Grandense de Letras, que escolheu destilar o seu ódio publicamente, considerando, talvez, que sairia impune ou ao menos que escaparia do escrutínio dos seus pares, como bom fruto do “racismo cordial” brasileiro.
Não apenas repudiamos as palavras proferidas, como deixamos a todos reflexões importantes para nossos dias: até quando essas instituições, fundadas sobre preconceitos, discriminações, vão continuar perpetuando comportamentos que não coadunam com aquilo que, enquanto brasileiros, esperamos de uma sociedade democrática? Até quando esses espaços embolorados irão funcionar como “torres de cristal”, fechadas ao debate e negando a urgência das pautas sociais voltadas para a diversidade? Até quando?