‘A Pequena Keruaka’, de Thaís de Almeida Prado, e a união para a preservação da natureza

A Pequena Keruaka, de Thaís de Almeida, nos tranquiliza de que ainda há tempo para a mudança, ao mesmo tempo em que nos alerta de que essa mudança necessita da ação de todos nós.

Cartão postal que vem com o livro ‘A Pequena Keruaka’

O cuidado e a valorização da natureza são as principais lições deixadas por A Pequena Keruaka, de autoria da artista multifacetada Thaís de Almeida Prado (@thais_ik). O livro, que conta com consultoria de Kaianaku Kamaiurá (@kaianakukamaiura), mestre em Direitos Humanos, é ilustrado por Priscila Montania (@primontania) e foi publicado recentemente pela NADA∴Studio Criativo (@nadastudiocriativo). Logo em suas primeiras páginas, o leitor tem uma provocação: é levado a refletir sobre a natureza ser de responsabilidade de todos e não pertencer a nenhum de nós, e é instigado a pensar que o que cuidamos — ou não — é o que será deixado para as futuras gerações.

O fato é que nem Rio, nem Floresta são das minhas tias, não! Nada disso tem dono, eles são seres que nem a gente: seres-planta, seres-onça, seres-bicho, seres-rocha, seres-água, seres-vivos que nem a gente. Somos parte floresta e a floresta é parte de nós, por isso que todos temos que cuidar uns dos outros, para que nem Rio, nem Floresta, nem Bichos se transformem em pedra-asfalto (Prado, 2024, p. 11).

Keruaka Icamiaba parte para São Paulo, atendendo a um chamado da Serpente-Gente, com a missão de preservar e transformar o meio ambiente. Protegida pelo Muirakitãn, poderoso amuleto, tem, em sua jornada, a companhia de um diário onde compartilha suas experiências —  seu “caderno-de-casca-de-árvore-vermelha” —, de uma caneta produzida a partir da pena da avó, que é uma coruja, e das sementes que reúne pelo caminho.

A narrativa tem descrições minuciosas e lindas ilustrações que retratam os sonhos da jovem, as paisagens e as personagens, aproximando e envolvendo o leitor do início ao fim. Além de falar um pouco sobre a cultura indígena e as frutas, a flora e a fauna brasileiras, nos conta a história do nome “Floresta Amazônica”, enfatizando sua importância para a humanidade e sua relação com as Icamiabas. A maneira como os habitantes da cidade lidam com a natureza é a questão central da narrativa. Na cidade, chamada por Keruaka de “Floresta de Pedras”, ela presencia a destruição do meio ambiente; conscientizando e propondo uma solução, a jovem sugere a transformação desta realidade a partir da união e de uma “mágica real”, não somente em São Paulo, como em todo o mundo. Com isso, deixa para o leitor a tarefa de fazer a sua parte para tornar a mudança possível.

O livro é catalogado como literatura infantojuvenil e essa informação foi deixada propositalmente para o final desta resenha. A obra é uma leitura primordial para todas as idades, tendo muito a ensinar a todos nós. Com uma escrita leve e encantadora, Thaís não somente reúne preciosos conhecimentos, como nos conscientiza da urgência de estarmos atentos aos pedidos de socorro do planeta e a entendermos, de uma vez por todas, que o momento de agir é agora. A Pequena Keruaka nos tranquiliza de que ainda há tempo para a mudança, ao mesmo tempo em que nos alerta de que essa mudança necessita da ação de todos nós.

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Aquira ‘A Pequena Keruaka’ através do link.

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