Paloma Amado e Alice Caymmi na Bienal da Bahia encantam o público com ‘histórias da Bahia’ e já é o ponto alto dessa edição da Bienal

Mediada pelo Prof. Dr. Marielson Carvalho, a mesa ‘Acontece que eu sou baiano’ com Paloma Amado e Alice Caymmi na Bienal da Bahia trouxe a magia de uma Bahia que lemos nos livros.

Da esquerda para a direita: Marielson Carvalho, Paloma Amado e Alice Caymmi na Bienal Bahia 2024. Foto: Ewerton Ulysses Cardoso (Revista O Odisseu).

A Bienal Bahia está chegando ao fim, mas não sem antes oferecer aos leitores baianos experiências memoráveis com o mundo da leitura e da literatura. Quem foi à mesa “Acontece que sou baiano”, na última terça-feira (30/04) pôde presenciar um verdadeiro acontecimento na capital baiana: Paloma Amado (filha de Jorge Amado e Zélia Gattai) e Alice Caymmi (neta de Dorival Caymmi e filha de Danilo Caymmi) encantaram o público com histórias de suas famílias.

Paloma Amado: ‘Dorival Caymmi era o meu tio’

A escritora Paloma Amado e a cantora e compositora Alice Caymmi na Bienal Bahia 2024. Foto: Ewerton Ulysses Cardoso (Revista O Odisseu)

Já antes da conversa, Alice Caymmi abriu os caminhos da última mesa no Café Literário da noite cantando “Sargaço Mar”, composição de Dorival Caymmi que fez sucesso na voz de Nana Caymmi e agora também na voz de Alice. Não teve quem não se arrepiasse com a voz majestosa de Alice a ecoar (muito provavelmente) para além do espaço do Café Literário. Certamente, Alice Caymmi herdou toda a dramaticidade que é marca registrada de sua família.

A partir de então, as convidadas começaram a contar os “causos” que unem as famílias Amado e Caymmi puxadas pela mediação sagaz de Marielson Carvalho. Na ocasião, Paloma conta que teve Dorival Caymmi como um “tio”, já que por certo tempo a família Amado viveu muito próxima da família Caymmi. Ela contou que sua mãe, a escritora Zélia Gattai, era amiga íntima de Stella Maris (esposa de Dorival Caymmi) com quem conversava praticamente todos os dias.

Alice aproveitou a menção à sua avó para contar da personalidade forte de Stella, que ia da fúria ao afeto rapidamente, e disse que gostaria que alguém escrevesse uma biografia de Stella. Ao dizer isso, Paloma se colocou à disposição para ser fonte dessa pesquisa: “tenho muitas histórias de Stella para contar”.

‘Ele sacou que eu era artista’, diz Alice Caymmi sobre o avô Dorival Caymmi

A cantora e compositora Alice Caymmi na Bienal da Bahia. Foto: Ewerton Ulysses Cardoso (Revista O Odisseu).

Durante a conversa, o mediador Marielson Carvalho perguntou a Alice sobre a relação com o avô e sua arte. Alice lembrou que ela lançou o primeiro disco apenas depois da morte de seu avô, mas que Dorival Caymmi já sabia que ela cantava, pois ainda adolescente cantou em shows de sua tia Nana Caymmi.

Alice também contou que ingressou na faculdade de direito antes de assumir a carreira artística, mas que desistiu logo após a morte de Dorival Caymmi. Para ela, esse foi o momento em que se tornou impossível fugir do destino de fazer arte. Segundo Alice, Dorival Caymmi já reconhecia nela a veia artística da família e nunca depositou muita fé na carreira da neta na área do direito. Ao contar que fazia direito, Dorival teria respondido, rindo, a Alice: “eu também fiz direito”.

‘Papai nunca foi um ex-comunista’, diz Paloma Amado sobre o pai Jorge Amado na Bienal Bahia

A escritora Paloma Amado na Bienal do Livro 2024. Foto: Ewerton Ulysses Cardoso (Revista O Odisseu)

Ao abrir a mesa para as perguntas do público, Paloma Amado foi surpreendida por uma pergunta sobre a posição política ideológica do pai (Jorge Amado). A pergunta em questão fazia menção a “recentes” declarações de Jorge Amado em crítica ao comunismo e sua possível desvinculação com o partido.

Paloma aproveitou para rebater o mito de que Jorge Amado teria deixado de ser comunista: “Papai não deixou de ser comunista e recentemente não disse nada”. A resposta foi recebida pelo público com aplausos e gritos e certamente foi um dos pontos altos da noite. Segundo Paloma, Jorge morreu filiado ao Partido Comunista, mesmo que já tenha feito críticas a alguns comunistas.

Mesa com Paloma Amado e Alice Caymmi na Bienal da Bahia foi histórica e inesquecível

O professor Marielson Carvalho, a escritora Paloma Amado e a cantora e compositora Alice Caymmi na Bienal da Bahia

Em meio a uma programação muito diversa, com atrações infantis, para o público juvenil e debates importantes, a Bienal acertou em cheio ao disponibilizar uma mesa para contar histórias da Bahia. Outra escolha certeira foi falar de Caymmi na noite de 110 anos de seu nascimento e reunir Alice Caymmi e Paloma Amado.

A mediação de Marielson Carvalho foi também uma ótima decisão, já que ele, estudioso do cancioneiro de Caymmi, conhecia tantos “causos” de Caymmi quanto as convidadas. Essa certamente é uma noite que ficou para a história da Bienal Bahia.

A Bienal da Bahia segue com programação neste feriado de 1o de Maio. Veja programação no site.

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