VOL. 3, N 18/AGOSTO/2024: Decolonização & Contracolonização

Mesmo após o fim formal do processo de colonização, o advento do imperialismo seguido pela globalização perpetuou mecanismos de exploração europeia sobre a América Latina. A repressão política e exploração econômica por séculos resultaram em grande nível de pobreza: o relatório Panorama Social 2022 apresentou projeções de 201 milhões de pessoas (32,1% da população latinoamericana) vivendo em situação de pobreza, sendo 82 milhões (13,1%) em pobreza extrema. As populações indígenas e pretas e as mulheres ainda sofrem as maiores consequências. São grupos sub-representados nas esferas de poder, inviabilizando a inclusão e o exercício de direitos básicos. As expressões artísticas e culturais e os saberes da América Latina são subestimadas, mesmo que rica e plural. Sua biodiversidade tem sido explorada à exaustão para produção de commodities de interesse internacional, relegando aos seus habitantes miséria e consequências sérias do impacto ambiental do desmatamento e poluição dos rios. A democracia é frágil, muitas vezes vilipendiada por interesses externos. Mesmo após quase 500 anos, a América Latina ainda enfrenta formas (cada vez mais complexas) de colonização.
Neste cenário, surge a decolonialidade, que o sociologista e pensador humanista Aníbal Quijano define como um movimento sul americano de examinar e confrontar o papel da colonização européia das Américas e sua hegemonia. Mais recentemente, o quilombola, poeta e escritor Antonio Bispo dos Santos, conhecido também como Nêgo Bispo, autor do livro “Colonização, quilombos: modos e significações”, propõe a contracolonialidade. Segundo ele, tanto a decolonialidade como a contracolonialidade têm funções importantes e não se anulam.

  • Trecho do editorial “Decolonização e Contracolonização”, de Pedro Henrique Rodrigues

Expediente

Ewerton Cardoso – Editor Chefe
Caio Paiva Ribeiro – Editor Chefe
Aline Félix – Editora
Pedro Henrique Rodrigues – Editor